Como fotografar ondas?

Como fotografar ondas?

Aprende a apanhar a onda com a tua objetiva!
Com uma costa tão vasta e pejada de praias, baías ou apenas lajes triangulares, é normal que Portugal seja um país rico e com uma oferta muito variada de ondas.
Há-as de todos os tipos, pequenas, grandes, umas mais redondas, outras quadradas, e ainda umas que por serem tão diferentes, não as conseguimos classificar.
Quem nunca foi à praia num passeio de inverno e não ficou maravilhado com aquelas paredes de água a enrolarem-se sucessivamente até à areia e ficou hipnotizado pela suas belezas, formas e cores. De certo, todos já tiramos fotografias a ondas e por qualquer motivo, nunca conseguimos transportar para a imagem toda aquela beleza que nos fez disparar o obturador.

Há certos aspectos muito importantes a ter em conta quando queremos fotografar ondas. O local onde estamos, o enquadramento que queremos dar à imagem e as condições climáticas que estão no momento. Em relação a material, uma lente zoom 75-300mm (as mais comuns) já chega para o que pretendemos e o uso de tripé é aconselhável para não termos surpresas e ao revermos as fotografias, não encontrarmos um céu na diagonal.
A melhor altura do dia para fotografar Ondas será de manhã. Como temos uma costa virada principalmente a Oeste, durante o período manha vamos encontrar o sol nas nossas costas, o que irá fazer com que as cores variem entre os dourados do nascer do sol e comecem a ficar mais vivas à medida que vão passando as horas. Durante esta altura as sombras ainda são bastante suaves o que retira das imagens um excessivo grau de contraste entre altas luzes e sombras. Durante a hora a que o sol fica a “pique” e durante a tarde, as dificuldades aumentam porque deparamo-nos agora com contrastes elevados, altas luzes e brilhos constantes do reflexo do sol. Uma solução para esta situação é usarmos um pára sol para reduzir o efeito “flare” nas imagens. O uso de um polarizador também ajuda a diminuir os reflexos e brilhos que encontramos. Nesta altura do dia, também podemos colocar-nos numa zona mais lateral em relação à onda de modo a fotografá-la de outro ângulo para minimizar os efeitos da luz.
Em relação ao enquadramento, e para não cairmos na banalidade de querer fotografar de muito perto a onda, a primeira fotografia que devemos fazer será sempre uma geral da onda e do local onde estamos. Por elementos em primeiro plano, sejam eles um banco, arbustos ou mesmo pessoas, acaba por ser uma boa ideia no que diz a composição de imagem. Desviar a onda do centro da fotografia também pode ser uma boa opção. Depois te termos escolhido todos os elementos a enquadrar, só precisamos de ter alguma paciência até vir a onda que queremos. É um processo que demora alguns minutos, mas é fundamental para conseguir uma boa imagem. A partir deste momento, tudo o que temos que fazer é ir brincando com as composições de imagem e com diferentes zooms até termos a imagem que queremos.
Em termos técnicos de velocidade de obturação/diafragma, se queremos uma imagem nítida e sem arrastamentos, teremos sempre que usar uma velocidade superior a 1/800. Para ajudar na focagem e não termos sempre um plano focado o valor de f/ terá que ser preferencialmente sempre superior a f/8. Para obtermos melhores resultados a máquina deverá estar com prioridade ao diafragma, sempre com valores superiores a f/8 e para obtermos uma velocidade superior a 1/800 devemos ir compensando com o ISO.
O ponto focal também é bastante importante e deverá estar fixo na onda, seja ao centro ou noutro ponto qualquer, dependendo sempre do enquadramento que estamos a fazer.
Ao fim do dia, e quando temos pouca luz, podemos usar o sol baixo como um aliado, usando-o para fazer imagens com os tons quentes do sol por trás ou apenas imagens com silhuetas e recortes de ondas. Se nos posicionarmos também num ponto mais baixo rente ao chão e conseguirmos posicionar o sol por detrás da parede da onda, conseguimos imagens com a luz solar a passar na transparência da onda produzindo uma palete de cores diferentes com tons a variar entre o verde e azul e amarelo.
Quando já trabalhamos mesmo com pouco luz, podemos usar velocidades baixas para fazer pannings ou deixar apenas o tempo passar e fazer fotografias que mais se assemelham a verdadeiros quadros pelos arrastamentos que a onda produz. Para este tipo de imagens um tripé é fundamental e um disparador pode minimizar a nossa vibração quando tiramos a foto.

Por João Melo
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