Saúde do viajante: enjoo de altitude

Saúde do viajante: enjoo de altitude

O enjoo de altitude é a denominação do conjunto de sintomas que ocorrem no organismo após a subida a altitudes elevadas, em atividades como o montanhismo.
Esta condição desenvolve-se na ascensão a zonas de elevada altitude e os seus sintomas tornam-se mais severos à medida que são atingidas altitudes cada vez mais elevadas. O enjoo de altitude pode afectar qualquer pessoa, independentemente do sexo e da estrutura física, mesmo que nunca tenham sofrido desta condição, agravando-se especialmente quando é feita uma subida demasiado rápida, mais de 500m por dia, sem que sejam tomadas as devidas medidas de aclimatização.

Em que altitude pode sofrer de enjoo?
O enjoo de altitude varia de pessoa para pessoa e relaciona-se diretamente com a taxa de subida. Enquanto que algumas pessoas começam a sentir sintomas a partir dos 2200m, outras conseguem atingir altitudes mais elevadas sem que sofram desta condição.

A altitude elevada refere-se a locais entre os 1500 e os 3500m acima do nível do mar, como por exemplo, Cuzco no Perú com 3225m ou Bogota na Colombia com 2645m.

As altitudes muito elevadas incluem destinos entre os 3500 e os 5500 metros acima do nível do mar, como por exemplo La Paz na Bolívia com 3600m e Lhaza no Tibet com 3685m.

Localizações com altitudes extremas, acima dos 5500m, incluem o Monte Kilimanjaro com 5500m e o Pico do Monte Evereste com 8850m.

Como se desenvolve o enjoo de altitude?
Esta condição é motivada pela diminuição da pressão atmosférica, que se traduz numa redução dos níveis de oxigénio inspirado. O oxigénio é fundamental para a função normal do organismo, respondendo o corpo a estes níveis baixos com uma respiração acelerada e profunda e com uma maior produção de glóbulos vermelhos para o transporte de oxigénio pelo sangue.

Porém, a diminuição dos níveis de oxigénio pode levar a problemas como hipertensão pulmonar, alterações ao pH do sangue, alterações no equilíbrio eletrólito-fluido e formação de edema, pelo movimento de liquido intersticial dos vasos sanguíneos para os tecidos adjacentes.

Sintomas do enjoo de altitude
Os sintomas do enjoo de altitude não são imediatos e começam a desenvolver-se geralmente entre 6 a 12 horas após a chegada à altitude elevada. Segundo o Dr. Stam Poupalos, especialista da clínica online 121doc, por vezes os sintomas podem levar até 24 horas a desenvolver-se. A duração entre a subida e o aparecimento dos sintomas depende da rapidez da ascensão, sendo estes mais severos se a subida for realizada mais rapidamente.

Os sintomas mais frequentes incluem dores de cabeça, cansaço, enjoo ou vómitos, perda de apetite, tonturas e dificuldades em dormir. Estes sintomas começam a reduzir-se cerca de um ou dois dias após o seu aparecimento, à medida que o corpo se habitua à altitude elevada. Contudo, se os sintomas não desaparecerem durante este período, deve fazer-se a descida para altitudes mais baixas, pelos menos entre os 500 e os 1000m.

Complicações do enjoo de altitude
Se a subida ao local de altitude elevada for feita rapidamente e o corpo não tiver tempo suficiente para aclimatizar, os sintomas do enjoo de altitude podem tornar-se mais severos e levar ao edema pulmonar ou cerebral. Os sintomas de edema pulmonar (acumulação de fluido nos pulmões) incluem tosse seca, falta de ar, fraqueza, coloração azulada dos lábios e unhas e sangue na saliva.

O edema cerebral caracteriza-se pela acumulação de fluido no cérebro, causando o seu inchaço e sintomas como dores de cabeça severas, vómitos, confusão, perda de coordenação, alterações da visão, letargia, perda de consciência e coma.

Os sintomas do enjoo de altitude progridem rapidamente, pelo que o desenvolvimento quer de edema pulmonar, quer de edema cerebral exige a descida imediata para baixa altitude e a procura de ajuda médica, podendo ser fatal.

Prevenção e tratamento
O enjoo de altitude pode na maioria das vezes ser prevenido se forem tomadas medidas de aclimatização que permitam ao corpo a adaptação às altitudes elevadas. A subida durante o dia não trás geralmente problemas, porém, a dormida deve ser feita abaixo dos 2200 metros. A subida não deve ser superior a 300-500 metros por dia, para permitir a aclimatização. No caso de começar a sentir sintomas a uma determinada altitude, desloque-se para altitudes mais baixas até que volte a sentir-se bem e forneça ao seu corpo o tempo suficiente de adaptação. Deve ser mantida a hidratação e ser evitado o consumo de bebidas alcoólicas.

Para prevenir os sintomas pode também recorrer à acetazolamida, que evita a acumulação de fluido nos pulmões e à inalação de oxigénio por via de uma máscara para reduzir sintomas como o cansaço e a desorientação.

Texto:Clínica 121doc