PR8 Caminho da Memória

PR8 Caminho da Memória

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Percurso Pedonal pela vila de Fão, de dificuldade baixa e com uma distância aproximada de 4,2 km.

Em Fão, antigo centro salineiro da Idade Média, com documentação datada do ano de 908 confirmando a presença de 8 salinas propriedade da Condessa Mumadona, viúva de Vimarães Peres, o mesmo que está na origem de Guimarães, acedemos a um pequeno percurso que destaca a zona histórica da Vila e alguns arredores de grande interesse patrimonial e paisagístico.

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Na antiga estrutura urbana da vila, na margem esquerda do Cávado, quando calcorreamos as suas ruas, é fácil de constatar a grande influência que a cultura brasileira operou no final do século XIX e inícios do séc. XX, no que se designa por “1ª fase de arquitetura balnear do lugar de Fão”, através do gosto brasileiro dos ricos “torna-viagem” que mandaram erigir notáveis residências. Estas marcas estão bem patentes, por exemplo, no atual Largo do Cortinhal, na imponente residência de Pinto de Campos, comandante da Marinha Mercante, assim como no topo Sul da Alameda do Bom Jesus. É neste espaço que Francisco de Campos Morais, fundador da casa Campos Morais & C.a, no Rio Grande do Sul (Brasil), implanta o seu ‘palacete’, recriando um ambiente tipicamente brasileiro.

A igreja paroquial de Fão, na R. Prior Gonçalo Viana, sob a invocação de S. Paio, é um templo de edificação entre os séculos XVII e XIX, que sofreu alguns estragos motivados pelas intempéries.

Na Av. Dr. Manoel Paes situa-se a Igreja da Misericórdia de traça Renascentista. O edifício de finais do século XVI, apresenta um frontão, no interior do qual está um nicho, com concha decorada, abrigo de uma Nossa Senhora, que parece datar do século XVIII. Ainda na zona mais antiga da vila Fão, num edifício que data dos meados do século XX, encontrará o Museu d’Arte, aberto ao público desde 19 de agosto de 2004, hoje convertido em Centro Cultural de Fão.

Próximo da EN 13, ligeiramente periférico ao centro da vila, vale a pena procurar a Igreja do Bom Jesus de Fão, no denominado Largo do Bom Jesus.

A igreja é um edifício dos inícios do século XVIII, como bem mostra o seu estilo, típico dos santuários de peregrinação que proliferaram naquela época. No seu interior, na entrada para a atual sacristia (lado poente) existe uma vela de embarcação de pesca do final do século XIX, enrolada e adoçada á cantaria da parede, dissimulada, com uma fita vermelho vivo, único testemunho das horas de aflição que levaram a que a tripulação fizesse votos ao Sr. Bom Jesus, pedindo o milagre, que depois de recebido exigiu a obrigação de o testemunhar (ex-voto marítimo). Perdeu-se no tempo a origem e a identidade dessa tripulação, mas pelo tamanho da vela seria de uma Lancha, embarcação usada por galegos e poveiros nas safras da sardinha e da pescada do alto.

A caminho para Ofir, poderemos visitar o Cemitério Medieval das Barreiras, um dos testemunhos de localização da primitiva comunidade medieval na vila de Fão.

Este cemitério é um dos mais significativos monumentos deste tipo em toda a Península Ibérica. O número de sepulturas que foi possível identificar ascende a cerca de duas centenas e as datações oscilam entre os séculos XI e XIV. Coevo da fundação de Portugal está presentemente a ser objeto de musealização in situ sustentada por um futuro Centro Interpretativo.

Muito perto, no lugar da Bonança, entre dunas e pinhal, situa-se o Facho e a Capela da Bonança, dois ícones de um Fão seiscentista, vocacionado para as lides Atlânticas, com os seus estaleiros de construção naval e ricos armadores para a pesca do alto e para o comercio marítimo.

O Facho da Senhora da Bonança funcionou como farol para os navegantes até que novas dunas se formaram entre a sua localização e a costa, tornando-o inútil. É um edifício do século XVI, construído em cantaria.

Ao lado, a sul, encontramos a Capela da Senhora da Bonança, que no passado foi uma “marca” ou conhecença marítima, um ponto estratégico no relevo litoral bastante visível do alto mar, que indicava a proteção e abrigo do porto de Esposende, no interior do Cávado, e onde os homens do mar vinham pedir e agradecer proteção para a atividade piscatória e as suas viagens marítimas, restando disso alguns ex-votos como testemunho.

A sua primitiva porta, testemunho secular da capela como santuário de borda de água para marítimos e pescadores, tal como ainda hoje ostenta a da porta da capela de Santa Tecla na Galiza no monte fronteiro a Caminha, esteve lá até os anos de 1960, carregada de siglas piscatórias, gravadas á navalha pelas sucessivas gerações de pescadores que desde a Afurada até à vizinha Galiza, passaram por aquele santuário agradecendo milagres ou fazendo promessas. Em 1964 o poveiro Santos Graça, fundador do projeto do museu do mar da Póvoa de Varzim, hoje Museu Etnográfico Municipal, etnógrafo e historiador, ofereceu às suas expensas uma porta nova àquela capela em troca de poder levar a velha para o seu museu, representado assim os interesses da maior comunidade sardinheira de então, sedeada na Póvoa de Varzim, e responsável pela maioria das siglas que lá se encontravam. A Porta da Bonança como é conhecida, ainda hoje consta do espólio a visitar naquele Museu.

Prosseguindo um pouco para norte, através da EM 501, em piso de paralelo granítico, se chega a Ofir, estância turística de veraneio mundialmente conhecida, datada de meados dos anos de 1940, com a sua  extensa praia de areias finas brancas contornadas por dunas com vegetação rasteira, onde nidifica uma pequena ave, o merrêlho, com tal abundância e interesse, que é ele o símbolo da primitiva Área Protegida do Litoral de Esposende, hoje integrante do Parque Natural Litoral Norte.

A praia de Ofir é uma beleza! A areia é finíssima, a exposição solar não podia ser melhor, as dunas são um convite a perder de vista… e o pinhal de Ofir também não desaponta! Os grandes pinheiros mansos de outrora vão dando lugar aos pinheiros bravos, mais esguios, mas que dão uma sombra bem-vinda nas horas de maior calor, e o ondular suave das dunas monta um pinhal que sem ser monótono, convida à tranquilidade…

Mas Ofir também é animação: os bares, os hotéis, as discotecas, o frenesim dos agitados dias e noites de verão, fazem desta uma das zonas mais procuradas da região. De inverno, a paz instala-se… mas nos dias ensolarados e frios, quando o Atlântico não se lança furiosamente contra as dunas, um longo passeio pela praia de areias finas pode ser uma boa surpresa e uma maravilha também desta terra privilégio da natureza.

Ao longe, no mar, acompanhando a linha de costa encontramos os lendários Cavalos de Fão, uma restinga rochosa que emerge da profundeza  marinha com alguns afloramentos que nunca ficam submersos e aos quais se associa uma lenda local, que remonta aos tempos do mítico Rei Salomão, da sua busca de ouro para custear o primeiro templo eregido a Deus, do seu príncipe Ofir e do misterioso naufrágio de um navio que a mando daquele rei transportava raros cavalos, que durante o naufrágio, ao tocar nas águas celenas do mar, se transformaram para sempre em cavalos de rocha firme, a proteger  toda aquela costa, abençoados por Salomão.

Voltando para trás (nascente), através da Av. da Praia ou Av. Raul de Sousa Martins, regressemos à Vila de Fão para terminarmos o percurso. Retomemos agora a viatura para uma visita a outros locais emblemáticos do concelho de Esposende.

Início | Fim do Percurso:
Alameda do Bom Jesus

Duração: 2 horas
Distância: 4,3 Km

Nível de dificuldade: Baixo

Entidade promotora:
CM Esposende